quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Blumenau pede socorro, mais uma vez.

E de novo o estado de alerta... de novo as pessoas suplicando por ajuda nos meios de comunicação, os olhos cheios de lágrimas, a voz embargada... O que foi reconstruído há dois anos atrás volta a ser destruído. De onde vem tanta força? Somos minúsculos diante da natureza, mas isso não precisa ser comprovado ano após ano. O povo está, novamente, recolhendo tudo o que pode, com unhas e dentes e indo para... para onde? Me diz qual o destino dessas famílias? Onde está a vontade (e a coragem) de se aventurar nesse temporal por abrigos, esperando por migalhas (colchões, cobertores, comida...), por notícias, esperando por esperança.


Rua Paraíba
Quando cheguei de uma viagem a Florianópolis, em 2008, entrei em Blumenau chorando. Nada podia ser mais triste do que a visão da minha cidade destruída, coberta de lama, com as flores mortas e as ruas marcadas pelos caminhões da Defesa Civil. Ou eu sou muito sentimentalóide, ou não sei o que pode ser, mas não suporto ver essa situação de novo. Afinal, ainda tem muita gente em abrigos, certo? Pra que mais? É muita tristeza e dor pra tão pouco tempo. Nossas crianças, nossos trabalhadores não agüentam mais uma dose de chuva, lama, sujeira, entulhos. Transbordam nossos rios, e transbordam nossos corações.

Rio Itajaí Açu - 08/09/2011
Em 2008, pouco a pouco o povo se mobilizou (com muitas vassouras e baldes) para fazer a cidade voltar a brilhar, e os canteirinhos de flores começaram a reaparecer. Sinto muito orgulho de ter meu crachá de ‘voluntária’ até hoje guardadinho, que me lembra sempre que fiz a minha parte. Durante cinco dias participei dos mutirões da Proeb, separando roupas (me deparei com, por exemplo, calcinha com absorvente usado – se for pra doar desse jeito, POR FAVOR NÃO DOAM!!), empilhando o estoque de papel higiênico (pois havia perigo de mais uma enchente em menos de uma semana), fazendo as cestas básicas que, todos nós esperávamos estar auxiliando pelo menos um pouco as famílias que se encontravam nos abrigos, ou desamparadas ainda em suas próprias casas.

Rua Joinville
Hoje, quase três anos depois, vejo Blumenau no mesmo estado: caótica, triste e desamparada. Quem está saindo de suas casas, deixando pra trás ‘suas vidas’, seus sonhos, merece uma moradia, urgente!! Não são apenas ‘casas’ que estão desabando, são, de fato, a esperança das pessoas. Desabam a confiança em uma vida melhor, e, por ironia, desaba o sonho de ‘tirar o pé da lama’. 

Rua 7 de Setembro
Agora, com a chuva caindo forte ainda, só posso dizer que, mesmo não me atingindo diretamente, essa catástrofe não é bem vinda. Nunca foi, nem nunca será. Que nossos morros parem de ser engolidos como se fossem enormes pudins. Que nosso rio Itajaí-Açu seja ícone de cartão-postal e que não devaste a vida de quem caminha ao seu lado. Mesmo os estragos ainda não sendo totalmente visíveis, haja força e coragem no coração dos atingidos, pois eu sei que, da mesma forma que aconteceu em 2008, o povo uma hora levanta a cabeça e dá a volta por cima. Que essa hora não demore... porque essa gente não merece.

Volta a ser essa cidade que eu tanto amo, volta!



Com todo meu carinho...
 Natália Vicentini

P.s: Todas as imagens da enchente são atuais, de hoje. Crédito ao facebook de amigos!! :)

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